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A Arte na Pedagogia Waldorf

Atualizado: 25 de jul. de 2020

Por Itaicy Pires


A pedagogia Waldorf está comemorando 100 anos e é uma fonte de inspiração para um ensino mais humanizado, onde a Arte está presente em todas as etapas do desenvolvimento e aprendizado. A Escola Waldorf foi inaugurada em 7 de fevereiro de 1919, em Stuttgart, Alemanha, por Rudolf Steiner. Ela começou a descrever, nos conturbados tempos de transformação no final da Primeira Guerra Mundial, qual seria um posicionamento apropriado da escola em relação a vida cultural, econômica e social da época. Essas ideias foram acolhidas por Emil Molt, diretor da fábrica de cigarros Waldorf Astoria, que se empenhava em construir uma escola para os filhos dos seus operários.


Os conteúdos de ensino da pedagogia se relacionam com a faixa etária dos alunos. A composição de cada serie obedece estritamente ao princípio da idade, uma vez que o que vale não é uma norma de rendimento absoluto, mas apenas o rendimento possível de cada aluno. Os professores da Waldorf valorizam não só a aprendizagem no âmbito cognitivo, mas também o desenvolvimento criativo e a formação da personalidade da criança. As matérias para a obtenção do conhecimento cognitivo têm o mesmo peso das matérias biológico-tecnológicas e das prático-artísticas. A arte na pedagogia Waldorf não aparece apenas como uma matéria especifica, mas participa de todo o processo de obtenção do conhecimento, para que o aluno vivencie e experimente a aprendizagem antes de processa-la e abstrai-la.


Pintura


O ponto de partida para o ensino da pintura na pedagogia Waldorf é a teoria das cores de Goethe. O começo da pintura com as crianças é bem parecido a pintura abstrata. Desde no Jardim na Educação Infantil, a Aquarela aparece como a experimentação natural das cores e do processo artístico da pintura. Essa maneira de pintar partindo da cor, demonstra que a criança é ensinada a descobrir a forma a partir da cor. As cores possuem vida e atuam como atores em um papel branco, conversando entre si. Mais tarde é trabalhada a pintura com a técnica da pintura a óleo.



Desenho


Existe uma diferença clara entre o ensino do desenho e da pintura. Ao desenhar e vivenciar, nos primeiros anos escolares, formas simples e suas transformações com todas as suas qualidades, as crianças desenvolvem a capacidade de uma compreensão dinâmica interna das formas. A criança – é mais tarde o adolescente que se torna capaz de perceber o gesto das formas tanto nas criações da natureza quanto nos objetos criados pelo homem. Isso é importante para o desenvolvimento posterior. Se o jovem vivencia os gestos das formas da natureza – em paisagens, plantas, animais – da arte e dos artefatos humanos, o seu relacionamento com o mundo se torna concreto e variado.


“Wassily Kandisky, um artista experiente e, ao mesmo tempo, pesquisador da linha, expressa o seguinte a respeito desse assunto: Quando, numa imagem, uma linha é libertada da sua função de definir um objeto, passando a ser, ela própria, um objeto, o som interior não perde seu vigor para nenhum papel coadjuvante, ganhando toda a sua força interior.” (T. Richter 1995, p. 323)


Trata-se de em primeiro lugar despertar na criança a sensibilidade para a forma. Essa sensibilidade é algo necessário e é ativado quando a criança aprende a ler e escrever. Assim o desenho das formas é um preparo para a alfabetização. Depois de aprender por meio de movimentos e orientar-se no espaço, a criança terá mais facilidade em fazer a grafia das formas, servindo esse exercício até como um trabalho terapêutico de orientação espacial. A consciência do espaço é despertada e estimulada através de vivencias tais como a simetria, movimentos contrários, repetição e intensificação. Um tipo especial do desenho de formas é o “desenhar dinâmico”, desenvolvido pela pedagogia curativa, e baseia-se no elemento da busca dos gestos das formas.


No 5º ano, o desenho das formas se integra a geometria, transforma-se em Desenho Geométrico. Inicia-se ao mesmo tempo o desenho artístico com carvão que se afinara com a pintura para trabalhar o claro e escuro, resultando nas projeções e nas sombras. No 7º e 8º ano são trabalhadas as perspectivas com as sombras.




Escultura


Inicia no 4º ano e vai até o 8º ano. Nos três primeiros anos o professor da classe realizará durante a aula principal de maneira livre a modelagem com a argila, barro, cera e plastilina. A partir do 9º ano começa um “curso de modelagem”. O ponto de partida pode ser constituído por experiências plásticas elementares com esferas e pirâmides. As formas da superfície nascem de pressão e contrapressão. Se o desenho é corrigido e dirigido pela “vontade que atravessa os olhos” (Rudolf Steiner), a mão sente a superfície e se transforma em órgão de percepção e criação.



Trabalhos manuais


Não é suficiente considerar que os trabalhos manuais são apenas exercício para habilidades manuais. O treino da motricidade fina é de suma importância para o desenvolvimento da inteligência da criança. A habilidade dos dedos educa, em ampla medida, a elasticidade do nosso pensar. De maneira indireta, as atividades artesanais são benéficas para o aprendizado e trabalho cognitivo.


“As crianças que aprenderam na juventude criar com a mão objetos artísticos uteis para outros e para elas mesmas de uma maneira adequada, não ficarão, como adultos, alheias ao ser humano e à vida. Saberão, de maneira artística e social, enriquecer e dar forma fecunda à existência e ao convívio com os outros.” (H. Hauck, Stuttgart 1993, p.27)


Euritmia


A euritmia é uma forma de expressão corporal que ajuda na formação do ser humano, pois ela trabalha a corporeidade a partir do movimento. O movimento desenha formas, e as formas resultam do movimento. Na fala, o movimento, cheio de formas, se torna audível.

Um dos papeis principais da euritmia como função pedagógica é unir a expressão nata do movimento da criança com o desenvolvimento da fala. Essa pratica colabora muito com a consciência corporal, o autoconhecimento e traz um papel significativo na alfabetização. A criança percebe através de suas vivencias que, por exemplo, um “S” no sussurrar do vento, um “W” no movimento ondulatório das vagas, um “L” no desabrochar e no crescer das plantas.



Música


A música trabalha uma área intelectual e cognitiva da criança, compreendida através da teoria da música e das regras de composição. Existe também uma área trabalhada pela música ligada ao sentir, relacionado com a harmonia, com a tensão e distensão. Além de ser um estimulo para a expressão, percepção e desenvolvimento do aluno, o ensino da música forma uma capacidade de realização através da disciplina do treino. Aprendendo a tocar um instrumento, a criança vivencia, de maneira elementar, que a capacidade pressupõe ao treino.



Teatro de bonecos


O teatro de bonecos é um oficio artístico. Constitui uma das metas desse ensino aplicar prática e artisticamente, o que tem sido aprendido na mecânica, na ótica e na tecnologia. Essa matéria tem como meta principal a dedicação aos detalhes. Ela é realizada no final do ensino fundamental e em todo o ensino médio.


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